Núcleo da Perturbação do Espetro o Autismo
As Perturbações do Espetro do Autismo, referem-se a um síndroma neuro-comportamental que afeta o normal desenvolvimento da criança,com origem em perturbações do sistema nervoso central.
As PEA são identificadas através dos comportamentos clinicamente observáveis e caracterizam-se por dificuldades persistentes na comunicação e na interação social; e padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades.
Os manuais de diagnóstico incluíram nesta categoria até 2013, a Síndrome de Asperger, nomenclatura que caiu em desuso desde então.
Sinais de alerta
- Ausência ou dificuldades significativas de comunicação (recetiva e expressiva)
- Ausência de resposta face às solicitações do outro
- Rigidez cognitiva
- Dificuldade na alteração de rotinas
- Híper ou hiposensibilidade sensorial a estímulos
- Contacto visual escasso e fugaz
- Desinteresse na interação com o outro
- Interesses restritos e obsessivos
- Dificuldade em expressar os seus desejos e/ou necessidades
- Dificuldade em compreender e seguir regras socialmente aceites
- Dificuldade em analisar situações sociais
- Dificuldade em lidar com emoções negativas(frustração, tristeza, raiva, injustiça, etc.)
O autismo é uma perturbação global do desenvolvimento infantil que se prolonga por toda a vida e evolui com a idade. O bebé com autismo apresenta determinadas características diferentes dos outros bebés da sua idade. Pode mostrar indiferença pelas pessoas e pelo ambiente, pode ter medo de objectos. Por vezes tem problemas de alimentação e de sono. Pode chorar muito sem razão aparente ou, pelo contrário, pode nunca chorar.
Quando começa a gatinhar pode fazer movimentos repetitivos (bater palmas, rodar objectos, mover a cabeça de um lado para o outro). Ao brincar, não utiliza o jogo social nem o jogo de faz de conta. Ou seja, não interage com os outros, pode não dar resposta aos desafios ou às brincadeiras que lhe fazem. Não utiliza os brinquedos na sua função própria. Um carro pode ser um instrumento de arremesso e não um carro para rodar no caminho. Uma boneca pode servir para desmanchar e partir mas não para embalar.
Dos 2 aos 5 anos de idade o comportamento autista tende a tornar-se mais óbvio. A criança não fala ou ao falar, utiliza a ecolália ou inverte os pronomes. Há crianças que falam correctamente mas não utilizam a linguagem na sua função comunicativa, continuando a mostrar problemas na interacção social e nos interesses.
Os adolescentes juntam às características do autismo os problemas da adolescência. Podem melhorar as relações sociais e o comportamento ou, pelo contrário, podem voltar a fazer birras, mostrar auto-agressividade ou agressividade para com as outras pessoas.
Os adultos com autismo tendem a ficar mais estáveis se são mais competentes. Pelo contrário, os menos competentes, com QI baixo, continuam a mostrar características de autismo e não conseguem viver com independência.
As pessoas idosas com autismo têm os problemas de saúde das pessoas idosas acrescidos das dificuldades de os comunicarem. Os problemas de comportamento podem por isso sofrer um agravamento. Além disso, perdem muitas vezes o gosto pelo exercício físico e têm menor motivação para praticar desporto, o que não contribui para melhorar a sua qualidade de vida. Por outro lado, o seu comportamento pode tender a estabilizar-se com a idade.
A intervenção multidisciplinar precoce é fundamental para um melhor desenvolvimento da criança. Na UDIJ, a intervenção é feita em equipa que é composta por médico neuropediatra, psicólogos, psicomoticistas, terapeutas da fala, terapeutas ocupacionais e terapeuta familiar.
Não há ligação causal entre atitudes e acções dos pais e o aparecimento das perturbações do espectro autista. As pessoas com autismo podem nascer em qualquer país ou cultura e o autismo é independente da raça, da classe social ou da educação parental.